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O "HÁVAMÁL", AS PALAVRAS DO ALTÍSSIMO, TRADUZIDO DO NÓRDICO ANTIGO – EDIÇÃO DE J. O. BILDA (SEGUNDA PARTE)
Esta é a segunda parte de minha edição da tradução bilíngue do nórdico antigo de Dr. Elton O. S. Medeiros do Hávamál, publicada originalmente pelo periódico eletrônico Mirabilia Journal em 2013. Encontra-se disponível no acervo digital da revista enquanto documento público, bem como em diversos outros sites, na sua versão integral, qual recomendo conferência.
O poema segue a Völuspá, as Profecias da Vidente, no Codex Regius, o manuscrito islandês do século XIII que contém a Edda em verso, preservado pela Universidade de Cambridge. Em sua forma original, este texto se nubla em mais enigmas que qualquer outro dos poemas.
Há coleções de provérbios e conselhos de sabedoria que foram atribuídos a Odin. Esta coleção, presumivelmente flexível em sua dimensão, ficou conhecida como “Palavras do Altíssimo”, e constitui a base do presente poema. A presente edição atravessou revisão e correção ortográfica. Notas explicativas foram acrescidas ou resumidas nos casos de necessidade.
J. O. Bilda
Brusque, 07 de abril de 2021.
II. Odin e a filha de Billingr
96.
Isto eu então experimentei
quando eu sentei entre os juncos
e esperei por meu amor;
corpo e alma
para mim era a sábia dama,
embora eu ainda não a tivesse.
97.
A filha de Billing,
eu a encontrei na cama,
branca como o sol, adormecida;
os prazeres de um nobre
não eram nada para mim,
a não ser que eu pudesse viver com aquele corpo.
98.
“Assim durante a noite,
Odin, deve vir,
se você quiser ganhar a dama para si;
tudo está perdido,
a não ser que apenas nós saibamos
de tal vergonha”.
99.
Eu então voltei
e pensei no amor,
guiado pelo desejo;
eu então pensei
que eu poderia ter
todo seu coração e seu prazer.
100.
Quando eu me aproximei
estavam os hábeis
guerreiros todos despertos;
com luzes incandescentes
e pedaços de madeira erguidos,
assim estava marcado meu malfadado caminho.
101.
E próximo da manhã,
quando eu novamente retornei,
os habitantes do salão estavam adormecidos.
Então eu encontrei apenas o cão
da boa mulher
preso à sua cama.
102.
Em muito uma boa donzela é,
se olhar com atenção,
imprevisível em relação aos homens;
eu então aprendi isso
quando a sábia
mulher para a devassidão eu tentei seduzir;
todo desprezo
sobre mim a engenhosa dama buscou trazer,
e eu nada consegui dessa mulher.
103.
O homem em casa, alegre
e amistoso com os convidados
deve ser, sagaz consigo,
de boa memória e fluente,
se ele quiser estar bem instruído;
frequentemente ele deve falar de coisas boas.
Será chamado de um grande tolo
aquele que não sabe falar de nada:
este é o caráter do estúpido.
III. Odin e Gunnlod
104.
Eu busquei o velho gigante,
e agora eu voltei novamente.
Pouco consegui permanecendo lá calado.
Muitas palavras
eu usei em meu proveito
no salão de Suttung.
105.
Gunnlod me deu
de beber de um precioso hidromel
em seu trono dourado;
uma má recompensa
Eu lhe dei mais tarde
em troca de todo o seu coração,
em troca de seu espírito amargurado.
106.
A ponta da verruma [13]
deixei que abrisse espaço
e perfurasse através da pedra;
sobre e sob
mim se encontrava o caminho dos gigantes:
assim arrisquei minha cabeça.
107.
Da boa aparência adquirida
eu fiz bom uso;
pouco falta para o sábio,
pois assim Odrerir [14]
agora veio para
o local sagrado do senhor dos homens.
108.
É-me pouco provável
que eu pudesse ter saído de novo
da corte do gigante
se eu não tivesse utilizado de Gunnlod,
a boa mulher,
sobre a qual deitei meu braço.
109.
No dia seguinte
os gigantes de gelo foram
buscar pelo conselho de Hár
no salão de Hár:
eles perguntaram sobre Bolverk, [15]
se ele havia retornado para junto dos deuses
ou se Suttung o havia sacrificado.
110.
Sobre o anel sagrado Odin,
creio eu, fez um juramento
– quem poderia acreditar em sua palavra?
Enganou Suttung,
então tomou sua bebida
e fez Gunnlod sofrer.
IV. Loddfáfnismál
111.
É hora de cantar,
do trono do sábio
Na fonte de Urd! [16]
Eu vi e fiquei em silêncio.
Eu vi e refleti.
Eu ouvi os dizeres dos homens.
Eu ouvi e aprendi sobre as runas.
Não se calaram
no salão de Hár,
dentro do salão de Hár,
assim como ouvi dizer.
112.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
não se levante à noite,
a menos que você esteja de guarda
ou esteja procurando por um lugar lá fora para si.
113.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
com uma mulher versada em magia
você não deve dormir em seu abraço,
pois assim ela o aprisiona nos braços dela:
114.
Assim ela garantirá
que você não dê importância
tanto ao discurso na assembleia quanto ao do rei;
você não desejará comida
nem o prazer dos homens;
você irá entristecido dormir.
115.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
a mulher de outro
você nunca seduza
como sua amante.
116.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
pela montanha ou fiorde,
se for fazer uma viagem longa
esteja certo de que tenha comida o bastante.
117.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
a um homem mau
nunca permita
saber de teu infortúnio,
pois de um homem mau
você nunca obtém
uma boa recompensa por tua boa vontade.
118.
Profundamente atingido
eu vi um homem,
pela palavra de uma mulher má;
sua língua trapaceira
foi a morte para ele,
e apesar da acusação ser falsa.
119.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
O bem virá a você se você aceitá-lo:
saiba disso – se você tem um amigo
em quem você realmente confia,
vá visita-lo frequentemente,
pois cresce arbustos
e grama alta
no caminho que ninguém percorre.
120.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
um bom homem
encontre para si com palavras agradáveis
e aprenda encantamentos de cura enquanto viver.
121.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
com seu amigo
nunca seja você
o primeiro a romper.
A mágoa devora o coração
se você não puder contar
a alguém todos os seus pensamentos.
122.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
trocar palavras
você nunca deve
com um tolo estúpido:
123.
Pois de um homem mau
nunca se pode
obter uma boa recompensa,
mas um homem bom
pode fazê-lo
querido exaltando-o.
124.
Confiança é então trocada
quando alguém pode dizer
para outro todos os seus pensamentos.
Tudo é melhor
do que ser enganado:
não é amigo de outro
aquele que diz apenas o que o outro quer.
125.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
mesmo três palavras
você não deve trocar com um homem inferior:
frequentemente o melhor é derrotado
quando o pior ataca.
126.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
não seja sapateiro
nem armeiro,
a não ser para você mesmo;
se o sapato é mal feito
ou a lança falhar,
então infortúnios recaem sobre você.
127.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
toda vez que você souber sobre o mal
fale sobre tais infortúnios
e não dê paz a seus inimigos.
128.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
contente com o mal
nunca fique,
mas que você se satisfaça com o bem.
129.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
olhar para cima
você não deve em batalha
– como tomados de terror
ficam os filhos dos homens–
para que não lancem feitiços sobre você.
130.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
se você quiser a boa mulher
atrair com uma conversa agradável
e se deleitar com ela,
deve fazer uma bela promessa
e se mantenha firme a ela;
ninguém se cansa do que é bom se o consegue.
131.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
eu ordeno que você seja cauteloso,
mas não tão cauteloso;
seja mais cauteloso com a cerveja
E com a mulher dos outros
e com uma terceira coisa,
que ladrões não o trapaceiem.
132.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
com zombaria ou riso
nunca receba
nem um convidado nem um viajante.
133.
Às vezes não se sabe ao certo
aqueles que se sentam primeiro no interior (da casa),
de quem são os parentes daqueles que chegam:
nenhum homem é tão bom
que falhas não o acompanhem,
nem tão mau que não sirva para nada.
134.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
de um sábio grisalho
nunca ria.
Frequentemente o que o homem velho diz é bom,
frequentemente de uma pele enrugada
vêm palavras de sabedoria,
aquela que se dependura (boca) entre o couro
e balança entre a pele curtida
e se move entre as entranhas.
135.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
não insulte um convidado
nem o expulse de seus portões;
trate o desafortunado bem.
136.
Poderosa é aquela trava
que deve se mover
para abrir para todos;
lhe dê um anel
ou ele lembrará de orar
para paralisar cada um de seus membros. [17]
137.
Eu lhe recomendo Loddfafnir,
para seguir o conselho;
você irá se beneficiar se você segui-lo,
o bem virá a você se você aceitá-lo:
quando você bebe cerveja,
busque para si a força da terra,
pois a terra luta contra a cerveja,
e fogo contra doença,
carvalho contra disenteria,
a espiga contra feitiçaria,
sabugueiro contra conflito doméstico,
Para atos de ira deve invocar a lua,
pasto contra picadas,
e runas contra maldições;
a terra deve resistir contra o mar.
V. Rúnatal
138.
Eu sei que eu pendi
numa árvore balançada pelo vento
por nove noites inteiras,
ferido por uma lança,
e dedicado a Odin,
eu mesmo a mim mesmo;
naquela árvore
que não sei
de onde suas raízes vêm.
139.
Eles não me consagraram com pão
nem com qualquer chifre; [18]
eu contemplei lá embaixo,
eu peguei as runas,
gritando as peguei
e de lá eu caí.
140.
Nove poderosas canções
eu aprendi do famoso filho
de Bolthor, o pai de Bestla,
E eu também bebi
do precioso hidromel,
servido de Odrerir.
141.
Então eu comecei a entender
e fiquei sábio
e cresci e prosperei muito bem,
minhas palavras a partir de palavras
e palavras encontrei,
minhas proezas a partir de proezas
e proezas encontrei.
142.
Runas você pode encontrar
e letras auxiliadoras,
letras muito poderosas,
letras muito fortes,
as quais o sábio poderoso [19] pintou
e os deuses fizeram
e que Hroptr [20] dos deuses gravou.
143.
Odin entre os deuses,
e Dainn diante dos elfos
e Dvalinn diante dos anões,
Asvid diante dos gigantes:
eu mesmo gravei algumas.
144.
Você sabe como deve entalhar?
Você sabe como deve interpretar?
Você sabe como deve pintar?
Você sabe como deve testar?
Você sabe como deve perguntar?
Você sabe como deve sacrificar?
Você sabe como deve enviar?
Você sabe como deve cessar?
145.
Melhor não pedir
do que sacrificar em demasia,
a dádiva sempre busca pelo pagamento;
melhor não enviar
do que desperdiçar em demasia.
Assim Thundr [21] gravou
antes da história dos povos;
de lá ele se ergueu
e voltou de onde veio.
VI. Ljóðatal
146.
Eu conheço tais canções
que esposa de rei não conhece
e nem os filho dos homens:
a primeira se chama “Ajuda”,
e ela o ajudará
contra disputas e mágoas
e todo tipo de infortúnio.
147.
Eu conheço uma segunda
da qual os filhos dos homens precisam,
aqueles que desejam viver como curandeiros.
148.
Eu conheço uma terceira:
se uma grande necessidade recair sobre mim
de deter meu inimigo,
eu emboto as lâminas
de meu inimigo,
suas armas nem seus bastões irão ferir.
149.
Eu conheço uma quarta:
se o inimigo me impor
grilhões em meus membros,
então eu canto
e eu posso ir;
as correntes se soltam de meus pés
e os grilhões de minhas mãos.
150.
Eu conheço uma quinta:
se eu vir atirada com malignidade
uma lança passar em meio à hoste,
ela não voa tão forte
que eu não possa pará-la,
se eu vir sinal dela.
151.
Eu conheço uma sexta:
se um guerreiro me ferir
com a raiz de uma árvore forte
e esse homem
proferir o mal a mim,
este devora o homem ao invés de mim.
152.
Eu conheço uma sétima:
se eu vejo em chamas um altivo
salão ao redor de meus companheiros de banco,
ele não queima tão intenso
que eu não possa apagá-lo
quando eu posso cantar o encantamento.
153.
Eu conheço uma oitava:
que para todos é
útil em aprender;
onde quer que cresça o ódio
entre os filhos dos heróis
eu posso logo apaziguá-lo.
154.
Eu conheço uma nona:
se me encontrar em dificuldade
para salvar meu barco à deriva,
eu acalmo o vento
nas ondas
e aquieto todo o mar.
155.
Eu conheço uma décima:
se eu vir bruxas [22]
Divertindo-se no céu,
eu então posso fazer
com que elas se percam
de suas formas originais
e de seus próprios pensamentos.
156.
Eu conheço uma décima primeira:
se eu vir para a batalha
liderar amigos de longa data
eu canto sob o escudo
e eles vão vitoriosos;
seguros para a batalha,
salvos da batalha,
eles vêm salvos de qualquer lugar.
157.
Eu conheço uma décima segunda:
se eu vejo em cima de uma árvore
um cadáver enforcado balançando
então eu gravo
e pinto uma runa
de modo que o homem se mova
e fale comigo.
158.
Eu conheço uma décima terceira:
se eu em um jovem guerreiro tiver
aspergido água
ele não poderá cair;
ainda que ele venha à batalha,
o homem não cairá frente as espadas.
159.
Eu conheço uma décima quarta:
se diante de uma tropa de homens eu tiver
de reconhecer os deuses,
os aesires e os elfos,
eu posso distinguir todos;
o tolo pouco sabe disso.
160.
Eu conheço uma décima quinta:
a qual Thjodreyrir [23] cantou,
o anão, diante das portas de Delling [24];
ele cantou poder para os deuses,
Coragem para os elfos,
entendimento para Hroptatyr [25].
161.
Eu conheço uma décima sexta:
se de uma donzela astuta eu quiser
ter todo o seu carinho e prazer
eu transformo os sentimentos
da mulher de braços brancos,
e eu mudo todos os seus pensamentos.
162.
Eu conheço uma décima sétima:
nunca irá me evitar
a jovem donzela;
esses encantamentos
você se lembrará, Loddfafnir;
que por longo tempo lhe faltaram,
uma vez que são bons para você se você os tiver,
úteis se você os obtiver,
úteis se você os receber
163.
Eu conheço uma décima oitava:
a qual eu nunca ensino
para donzelas ou esposas de homens
– tudo é melhor
quando apenas uma pessoa entende;
ela pertence ao término dos encantamentos –
a ninguém a não ser apenas
àquela que está em meus braços
ou que é minha irmã.
164.
Agora os dizeres de Har estão
ditos no salão de Har,
muito úteis aos filhos dos homens,
inúteis aos filhos dos gigantes.
Saudações àquele que falou!
Saudações àquele que entende!
Aproveite aquele que compreendeu!
Saudações àqueles que ouviram!
Referência
MEDEIROS, E. O. S. Hávamál: tradução comentada do nórdico antigo para o português. Mirabilia, Eletrônico, v. 17, n. 2, p. 545-601, jul-dez 2013. Disponível em: <https://www.revistamirabilia.com/sites/default/files/pdfs/2013_02_23.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2021.
Notas
[1] IRMANDADE HRAESVELGR. O Hávamál. Trad. T. Medeiros. Disponível em: <http://www.irmandadedehraesvelgr.com.br/>. Acesso em: 15 fev. 2021. p. 2. Nota do Editor.
[2] A interpretação dessa estrofe é a de que um convidado necessita de conversa, palavras (orðs), de seu anfitrião, e então silêncio em retorno (endrþǫgu) para que ele – o convidado – também possa falar. Nota do Tradutor.
[3] Pois num lugar estranho de tempo incerto, o bom-senso é melhor que a riqueza. O empobrecido, neste caso, é o que se crê rico, mas não dispõe de bom-senso. N. do E.
[4] Na mitologia ela é a filha do gigante Suttung, que adquire o “hidromel da poesia” dos anões Fjallar e Gjallar. Mais tarde, Odin consegue roubar o hidromel seduzindo Gunnlod. Esta história será abordada nas estrofes 104 a 110. Maiores detalhes sobre a história de Gunnlod, o hidromel da poesia e como Odin o obtém podem ser encontrados no Skáldskaparmal na Edda em Prosa de Snorri Sturluson. N. do T.
[5] Com a bebida, mesmo o mais ranzinza ou introspectivo se torna um falastrão. N. do T.
[6] Segurar no sentido de não compartilhar com os demais, reter para si. N. do E.
[7] Essa estrofe, juntamente com a estrofe 79, pode encontrar um paralelo muito semelhante na Saga do Rei Hrolf Kraki (Hrólfs Saga) quando o pai de Svipdag aconselha o filho quando este decide partir para a corte do rei Adils da Suécia: “Não inveje outros e evite a arrogância, pois tais comportamentos diminuem a fama da pessoa. Defenda-se caso seja atacado. Torne-se humilde, mas ao mesmo tempo você deve se mostrar valente se for posto à prova”. N. do T.
[8] O significado do final da estrofe seria de que se três pessoas ficam sabendo de algo, isso já não será mais segredo para ninguém e logo todos saberão. N. do T.
[9] Provavelmente metade da estrofe se perdeu. N. do E.
[10] Adotamos aqui a interpretação de Finnur Jónsson de que o fogo se trata de uma pira funerária e assim traduzimos a passagem como sendo o próprio homem rico o morto a ser cremado. N. do T.
[11] Odin. N. do T.
[12] Podemos interpretar que esta passagem queira dizer a respeito de uma espada usada apropriadamente, de qualidade, que provou seu valor, que não ficou tempo demais sem uso e tenha se embotado. N. do T.
[13] Odin consegue entrar no lar de Suttung se transformando numa serpente e utilizando uma verruma chamada Rati para abrir uma passagem através da pedra. N. do T.
[14] Este é um dos três jarros ou recipientes onde estava guardado o hidromel da poesia. N. do T.
[15] “Hár” e “Bolverk” são outros nomes referentes à Odin. N. do T.
[16] Urd é uma das três Norns responsáveis pelo destino dos homens e dos deuses. Em nórdico antigo a palavra que compõe seu nome (urðr) significaria literalmente “destino”. N. do T.
[17] Uma explicação para essa estrofe é a de que ela esteja falando sobre pedintes e mendigos e que se deve doar algo (dinheiro, uma esmola) para evitar que lhe roguem uma praga ou maldição. N. do T.
[18] Chifre de beber, guampa. N. do T.
[19] Fimbulþulr (Fimbulthur, literalmente “sábio poderoso”), i. e. Odin. N. do T.
[20] Odin. N. do T.
[21] Odin. N. do T.
[22] Esta estrofe retrata como Odin tem poder para confundir as túnriðir, impedindo-as de retornarem às suas formas verdadeiras. Túnriður: pode ser entendido como “bruxas”, na falta de um termo mais apropriado, assim como outras criaturas do folclore norte-europeu como as kveldriða, mirkriða, trollriða, que também podem ser interpretadas como “bruxas”. [...] O que as aproxima do conceito de “bruxa” são suas habilidades, como a transformação em animais (o que pode também ocorrer por meio do abandono do corpo), voo noturno, etc. A mudança de corpo e a habilidade de se transformar em animais é um tema recorrente na literatura nórdica. N. do T.
[23] Þjóðreyrir (Thjodreyrir) não é mencionado em nenhuma outra fonte. N. do T.
[24] Delling aparece em outras fontes, se referindo ao nome de um anão. N. do T.
[25] Odin. N. do T.
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